Desafios

Há um poema de Fernando Pessoa, mais concretamente de Ricardo Reis, que gosto bastante, começa assim: Para ser grande, sê inteiro: nada / Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és / No mínimo que fazes. Sei-o de cor desde o dia em que o aprendi, numa sala à meia luz, com uma professora que o entoava com o coração na boca.

Hoje percebo que o guardei em mim, não só pela mensagem forte que transmite, mas também pelo papel que esta professora teve na minha aprendizagem. Ensinou-me que a nossa língua tem poder, tem beleza. Que cada palavra tem o seu peso. E cada frase uma história.

Com a publicação das notas dos últimos exames, encerro um ano intenso. O ano em que aceitei o desafio de ensinar os adultos de amanhã. De ser eu, deste lado, a mostrar a paixão por algo em que, verdadeiramente, acredito: mais do que ensinar conteúdos, ensinar caminhos e mostrar que todos nós temos as ferramentas certas, para moldar as nossas competências.

E neste diálogo criado, aqueles que eu fui ensinar, ensinaram-me a mim. Tornaram-me mais curiosa, ajudaram-me a explorar, a abrir a porta à imaginação e a sair da minha zona de conforto. A fazer diferente!

No final do percurso, descubro que aprendi algo novo. Eu, que gosto de planear e estruturar, percebi que sou duas pessoas numa só:  a mãe e mulher que constrói rotinas e a profissional que as questiona.

Este longo caminho que ainda tenho pela frente, desafia-me. E isso, caramba, é mesmo bom!